Nas mãos de uma parteira em uma casa com biqueira tapada de barro, nasceu em 17 de junho de 1932 no sítio Itaparica, localizado no engenho Cafundó, município de Buenos Aires na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Euclides Nascimento.
Filho dos agricultores, Lasdilau e Joana, sendo o mais velho de 7 irmãos, Euclides começou a trabalhar no sítio de seu pai, ainda menino, numa área denominada na época de “escravidão negra”.
Dentro da categoria do trabalhador rural, o pai de Euclides pertencia a classe dos foreiros, ou seja, o dono do engenho sedia parte de suas terras para a família de Euclides morar, trabalhar na lavoura e criar animais de pequeno porte, a chamada “lavoura branca”, em troca do pagamento do foro e do cambão.
O primeiro era o pagamento em dinheiro ao senhor de engenho por usar suas terras durante o ano. O segundo, correspondia a trabalhar três dias do ano gratuitamente para o latifundiário. Tinha engenho que cobrava até 14 dias de cambão.
Apenas com 10 anos Euclides foi à escola pela primeira vez e para chegar lá andava cerca de 5 km. Cursou até a 3ª série primária e cresceu observando as injustiças que sua gente sofria. Mesmo com pouco estudo teórico, foi na “escola da vida vivida” que Euclides aos 17 anos, com um caderno e um lápis na mão começou a percorrer os engenhos dia e noite cosncientizando os camponeses de que era preciso haver mudanças quanto àquela difícil situação.
Em janeiro de 1959, aos 26 anos, Euclides casa-se com Zéza, filha de um camponês que casou-se com sua tia, e com ela tem 6 filhos: Maria de Jesus, Josué, Edileusa, Cristina, Edilson e Elande.
Religiosidade: Euclides nesta época desenvolvia um trabalho de zelador do apostolado na diocese de Nazaré da Mata. Convidado pela igreja, ele fez um curso de Orientação Rural e aprendeu que, sindicato é um instrumento de luta com o objetivo de unir, defender, representar e promover ações em defesa da classe trabalhadora.
Eis que em novembro de 1961 Euclides funda o sindicato de Nazaré da Mata e a partir dali sua luta em prol dos camponeses não pararia mais.
Pernambucano, filho, irmão, pai, avô, bisavô, tio, primo, agricultor, sindicalista, poeta, educador…Nas horas vagas Euclides adorava escrever cordel sobre todo e qualquer assunto do seu cotidiano, seja para homenagear alguém, ou para protestar. Na música, era fã de cantoria de viola e do inesquecível rei do baião, Luiz Gonzaga.
Conhecer a história de Euclides Nascimento é sentir o vigor e a alegria de um eterno menino. É mergulhar na história do movimento sindical rural brasileiro e das lutas políticas e sociais travadas nos últimos 50 anos.
Euclides faleceu no dia 26 de dezembro de 2011, aos 79 anos, mas o seu jeito sereno, terno, brincalhão e sempre disposto, tanto em casa quanto na luta sindical, jamais serão esquecidos!