O PAPAFIGO
Certo dia estava Euclides, ainda menino, com seu pai, Ladislau, em frente à sua casa quando de repente passa um homem desconhecido, todo sujo, com algumas feridas pelo corpo e um saco nas costas.
O sujeito para e puxa conversa com seu Ladislau. Curioso como toda criança, Euclides logo aproxima-se para entrar na conversa também.
Sua mãe, Dona Joana, que assistia tudo de longe, grita de onde está.
– Euclides, venha cá !
O pequeno Euclides corre para junto da mãe que o alerta:
– Filho, não fique muito perto daquele homem que ele pode ter alguma doença e passar para você, tudo bem?
E para garantir que ele iria obedecer ela ainda ressaltou:
– É que ele é um Papafigo!
Diz a lenda, conhecida principalmente na região do Nordeste brasileiro, que o Papafigo era um homem esquisito, que carregava um grande saco nas costas com meninos e meninas mentirosos para chupar-lhes o sangue e comer-lhes o fígado (daí o nome de papafigo). Isso acontecia porque ele sofria de uma doença rara (para alguns, o mal de Hansen, ou lepra, o que explicaria sua aparência cheia de feridas), e acreditava que o sangue e o fígado de crianças o curariam. A lepra foi uma doença que matou muita gente no início do século 20, talvez daí venha o folclore.
Euclides escuta a mãe e volta para ouvir a conversa do pai com o homem, só que desta vez um pouco mais longe do sujeito.
Eis que o menino resolve fazer uma pergunta ao homem:
– Ô seu Papafigo, mas o que é que o senhor tem aí nesse saco?
E antes que o suposto Papafigo pudesse responder, surge o grito de sua mãe:
– Eucliiiiideeees, venha simbora pra cá menino!
[box] *História relembrada por sua filha caçula, Elande Maria.[/box]