Eu que tanto vi injustiça resolvi me rebelar.
Eu que vi o povo disperso ajudei a se juntar.
Eu que vi direitos negados, pelos direitos fui lutar.

Motivado pela fé do Deus libertador, resolvi me ajuntar a esse povo sofredor.
Vi a lida do cambão, o dia a dia do meeiro, o trabalho de condição, o sofrimento do foreiro.
Era muita exploração, fome e dor que o cercava, vi um povo explorado que o latifúndio escravizava.
Vi o açoite do chicote nas costas dos companheiros, para alimentar a ganância da classes dos usineiros.
Vi também um povo alegre que trabalha sem parar, pois toda essa sua lida faz a nação se alimentar.
Um povo firme e forte que celebra o seu viver, até quando tá faltando o que comer e o que beber.
Esse povo espremido debaixo do pé do boi, um dia se levantará com então assim se foi.
Era preciso dar valor ao camponês varonil, era preciso acender a pólvora de dentro do barril.

Fundamos sindicatos como instrumento pra lutar, era preciso dar a Liga nessa luta popular.
Lutar pelos direitos de enxada ou de fuzil, era preciso levantar os camponeses do Brasil.
Creio que essa tarefa cumpri com determinação, seguindo com muita fé o Deus da libertação.
Me “mataram” muitas vezes, mas nasci sempre na luta. Eu me faço NASCIMENTO na luta que continua.

[box] Escrito por Plácido Júnior, da CPT, em homenagem à Euclides Nascimento[/box]

 

Publicado em 27 de dezembro de 2011 no Jornal do Pajeú e no site da Comissão Pastoral da Terra NE II