Conhecido por sua trajetória de luta voltada para o homem e a mulher do campo, Euclides Nscimento morreu neste 26 de dezembro vítima de uma parada cardíaca. Fundador e ex-presidente da Fetape, onde carinhosamente era chamado de Chiquinho, ele acompanhou o surgimento do movimento sindical rural pernambucano na década de 60, sendo um líder-fundador dos primeiros sindicatos rurais deste estado.
Euclides integrou uma geração que organizou o movimento sindical em torno da ‘luta pelos direitos’, batendo-se pela construção e reconhecimento de direitos trabalhistas para os trabalhadores rurais em todo o país. Para as gerações atuais e urbanas, até a década de 1960 a forma majoritária de pagamento do trabalhador do campo era um vale que só podia ser usado nas mercearias dos próprios engenhos, fazendas e usinas, o tristemente célebre ‘barracão’.
Simplesmente não se tratava sequer de uma relação capitalista, já que não ocorria a circulação monetária. O primeiro estado do Brasil que fez uma lei para proibir o barracão foi Pernambuco, em 1962, após o Acordo do Campo, celebrado no primeiro mandato de Miguel Arraes entre sindicatos, fornecedores de cana, usineiros e governo.
Euclides Nascimento, José Francisco e José Rodrigues constituíram o trio que organizou o sindicalismo rural no estado e no Brasil, através da criação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), com apoio da Igreja Católica. Em 1979, organizaram a primeira grande mobilização de trabalhadores rurais, marcando as grandes ‘campanhas salariais’ da década de 80.
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[box] Cláudio Roberto de Souza é professor de história, licenciado em História com especialização em História do Nordeste, graduando em Direito e mestrando em História, ambos na UFPE.[/box]
Artigo publicado em 27 dezembro 2011 nos sites Almanaque de História, Café História, Rede Histórica